as lagrimas sao o supremo sorriso

Sunday, April 01, 2007


Volto contigo. Para ti. Por nós. Não sei por quanto tempo. Se para sempre se para nunca mais nem antes nem depois. Volto e compartilho. Porque é bonito sentir assim . É a inspiração dos que já não acreditam....

".. . Sabes porque? Porque no fim da batalha estará a nossa casa à beira mar. O nosso sonho. A nossa família. Os meus livros e cortinas transparentes ao vento. A tua pesca e os nossos cães. O cheirinho a ervas aromáticas ao fim da tarde. Os teus beijos no meu pescoço. O artesanato que vamos criar juntos. O feng shui, as pranchas e os sumos naturais.. Os nossos filhos loirinhos a correr nus na praia. Calma. Tranquilidade. Os nossos amigos hão de nos visitar e felicitar pelo caminho percorrido em conjunto: “Quem vos viu e quem vos vê. Vocês conseguiram superar as diferenças de personalidade e agora encaixam na perfeição. Aprenderam a conhecer-se e a aceitar-se..”, dirão enquanto bebem um chá na nossa varanda e comem uma fatia de pão caseiro feito no nosso forno. A nossa cama será a mais feliz do mundo porque entre brincadeiras a meio do dia e o aconchego da noite nunca passará mais de um sol sem fazermos amor. "

Sunday, October 29, 2006

"O Encontro acontece quando pelo menos existem duas presenças e uma intenção, torna-se difícil quando duas ausências tentam encontrar algo do lado de lá, onde nada existe".
Eu... juro que tentei.

AS MÃOS DO MUNDO



Tenho-me nas Mãos do mundo. E gostava que ele fizesse a sesta na minha mão. Quero com tanta determinação conhecer-lhe os sonhos que imagino prendê-lo assim para nele ter tempo de viajar e o compreender melhor. Só o quero guardar uns instantes.. De mãos fechadas e bem juntas ao coração.

As minhas Mãos que são pequenas, curtinhas e esguias, como toda eu, (acho)… são proporcionais a mim mesma e proporcionantes dos melhores e inesquecíveis momentos da minha vida. São elas que me permitem fazer quase tudo o que mais amo. São um incontornável objecto vivo de trabalho e lazer. Os afazeres das minhas mãos, acabam normalmente, por contribuir para o deleite e para o ócio da minha alma. Enumero-os com um semblante de consolação e felicidade:

O acto de fazer festas, de dar mimos, de fazer massagens. Suspiro de tanto gostar. Amassar, tocar, curar o corpo e o espírito de alguém com a palma da mão aberta, com a pressão dos nós dos dedos ou com as unhas a passar pela pele bem ao de leve… Arrepiar, aliviar, transmitir energia através das Mãos. Sabe bem aos outros e especialmente a mim. Assim lhes posso oferecer Amor através do toque.

Escrevo com as minhas Mãos, ao computador de dedos espetados e com pequenas pancadas fortes, na folha de papel do bloco de notas com letras redondas e rasuradas ao sabor da inspiração. Pinto com elas. A minha tez e as minhas telas. E invento mil e uma maneiras de as empregar nos imensos brique-a-braques e peças de roupa alteradas que vou arrumando e exibindo lá por casa.

Adoro cozinhados de Mão cheia. Prezo a Mão aberta e envolta nos alimentos e especiarias. Ligo o sabor da terra ao sabor da palma e do afecto ao punhado que uso como medida.. Gosto de lhes sentir a textura e é através das mãos que lhes deposito o amor necessário ao sabor de um bom prato.

Gosto de sentir os meus dedos a controlar na mesa de mistura. Na textura do vinyl e na lisura do cd . Tocar ao de leve no botão do pitch, respirar a vibração que ecoa na sala e sentir como faz a diferença a susceptibilidade de um toque… A partilha da música que me faz sorrir de orelha a orelha. E sentir. E chorar. E dançar de olhos fechados… A mistura entre a sensibilidade musical, a prestação técnica e a vontade cabriolesca das minhas Mãos miudinhas, irrequietas e sensitivas.

Ah, gosto das minhas unhas… De as tratar e de as ver reluzentes e bem pintadas.. Coisas de mulher… A minha mania de as arranjar é tal que cria já brincadeira entre amigos e os vernizes amontoam-se em 4 caixas arrumadas na casa de banho. Quando as roía, em pequena não lhes tinha respeito mas agora, agora… são a minha perdição e prazer.

Dar-te a Mão e agarrar com o dedo mindinho o teu dedo mindinho. Fazer o pino. Lavar o cabelo em água tépida. Convosco. Mexer no barro e na areia molhada. O morno da tua pele. Jogar à sardinha e entrelaçar ao mesmo tempo e compassadamente dedos da mão direita e esquerda quando estou nervosa. Aperto, envolvo, ancoro e agarro-me a ti. Guardo com vocês, o carinho e o respeito. Afago e também afasto. Gosto de vos ter macias Mãos. A vossa pele e a vossa essência. Vou fazendo por isso… Gosto de vocês porque me dão que fazer. Gosto de vocês porque são a terminação nervosa do meu corpo e do meu sentir.

Tuesday, September 26, 2006

Sintonia


Tento sintonizar-nos
A estação ainda não está definida
A frequência está tremida, afastada.

Tento sintonizar-nos
Procuro no FM. Passo pelo AM
Sustenho o medo de não nos encontrar
De passar por nós e não nos ouvir.
Seguro a respiração.
Desligo ou ponho no pause?

Tento sintonizar-nos.
Andamos algures por aí.
No vento,no mar, no céu do dia sem núveis.

Tento sintonizar-nos.
Já estou ofegante. Irrequieta.
Acho que descubro. Parece-me ouvir-nos ao longe.
Vou tentar sintonizar-nos onde não existe nada.
Tento sintonizar-nos na estação inexistente.

Passo agora da tentativa à Verdade.
Sintonizo-me em ti. Em nós.
Sintonizo-nos sem medo de não gostar da nossa música.

Sintonizo-nos nos teus olhos enquanto me beijas na cozinha.
Sintonizo-nos quando a ponta dos teus dedos toca na minha pele.

Aos poucos a música sumida começa a aparecer.
Nunca se tornou tão clara como agora, no teu sorriso ao fundo da sala.

Procurei sem encontrar.
Não procures! Espera que aparece! Tu sábe-lo...

Sintonizo-nos.
Direito, sem interferências.

Passei a vida a mudar de posto.
Sintonizo-nos.
Cá estamos. Vou fidelizar-me ao som ideal.

Sintonizo-nos no abraço apertado do Amor.
Sintonizo-nos no cheiro, no toque, na nossa alma e fios de cabelo encaracolados.

Suspiro de sorriso na alma pregado
Sorrio consolada no conforto do encontro.

Sintonizo-nos!
Afinal existe a estação perfeita.
Afinal consegui apear-me na hora H caindo directamente nos teus braços.

Afinal existe a música certa para os meus ouvidos...
Sintonizo-nos e gosto tanto da playlist que não me apetece mudar nunca mais de posto...

Saturday, September 23, 2006

Até logo Zé!

Quando uma vida acaba todas as outras continuam. Por mais feitos que tenhas feito, por melhor ou pior que tenhas vivido, por mais ou menos amigos que tenhas deixado do lado de cá, todos eles, os teus momentos, parecem esquecidos no instante pontual do Adeus. Sim, porque, cada vez mais acredito que a morte tem hora marcada e não tolera qualquer tipo de atrasos. Revoltante mas incontestável.

Choraste, riste-te, fizeste e educaste filhos e netos, deste a mão a amigos e contorceste-te durante anos em duras lutas contigo mesmo e com o Mundo. E o que é que ele te oferece no final de tudo? Qual a moeda de troca da tua dádiva para com ele? O terminus dos teus dias. Em silêncio. Contigo mesmo e com mais ninguém. Mesmo que com muita gente à volta...Um sem fim de Fim que se abre à tua frente como um portão trancado com 7 voltas ao teu passar. A incógnita do Porquê. O surreal do chegar finalmente à única certeza da Vida: a própria Morte.

Mesmo que aches que fugiste à mediocridade dos dias, irás acabar como todos os outros. Frio. Quieto. Imóvel. Inerte. Inestimado. Sobrevalorizado. Porque nunca ninguém foi tu. Só tu. E tu estás a ir embora. E mesmo que nunca tenhas acreditado nisso, agora sabes que afinal somos todos iguais. “ O pó ao pó retorna”. E o teu pó está tão próximo de ser a tua Verdade...

Vezes demais tento fazer o exercício... Saber que ela está aí, ao meu lado. Que não se vai embora e que se torna uma certeza morbidamente sincera por não nos mentir nunca na sua intenção. Aqui e agora. Morro.Vou-me embora. Acabo de vez a jornada. Cedo, sem saber como nem porquê, um lugar não cativo ao outro que se segue na fila. Ele que salte para o carrossel em andamento. Sem ajudas e com muito cuidado para não cair que eu já estou em rota descendente e conheço o pânico da queda sem rede...

Saber que se vai, que se está a morrer. Que nos estamos a apagar da face da terra como uma mão cheia de café moido que vai sendo sugado pela água quente impregnada na boca da máquina de café. Pouco a pouco. Saber que a vida vai sendo coada, até deixar de existir, até só sobrar o borrão escuro e sujo do que um dia já fomos em vida. O borrão a que chamamos Memória.

Fazer as pazes connosco mesmos. Perdoar. Controlar o medo. O escuro. A ausência. A Tua ausência, a do cheiro, a das cores, a da luz e do vento a bater na tua testa e a do sol a bronzear-te ainda mais a pele já escura. A minha própria ausência. Questiono-me ainda até que ponto a Coragem e a Calma se tornam, nesse momento decisivo as qualidades mais importante do Ser. Sei que vou deixar de existir. Aceito a minha Não-condição. Adeus. Não luto mais. Deixo-te Vida, deixo-te para oferecer o meu lugar..

Por agora, dou por mim a sugar lembranças ao meu coração. Gestos de carinho, palavras e olhares que me ofereceste, Avô. Obrigo-me a sorrir quando penso nas tuas piadas, nas tuas mãos fortes e jeitosas por tudo conseguir arranjar. Abraço a ternura dos teus ensinamentos, acho agora piada às tuas zangas e lembro-me das caminhadas com o cajado na mão em que me ensinavas a linguagem dos bichos e das plantas da nossa serra. Amo o teu colo de mel e consolo-me com os teus petiscos debaixo do telheiro. Encontro as tuas mãos nas minhas, cobertas de barro e argila e acho que consigo agora admirar o teu poder de organização e cuidado.

Sei-te corajoso de alma e fraco de corpo, porque esse, ao abandonar-te só te está a fortalecer a vontade e a apaziguar o espírito. Sinto-te no desamparo de uma Certeza que já foi para ti tão longínqua quanto a minha o é hoje em dia. Sem saber para onde voas, e sem teres feito um check up geral ao teu kit de viagem... não tens qualquer garantia de que não irás queimar as asas e terminar em queda livre estatelando-te no chão.

Em que é que acreditas afinal? Em que acreditamos todos quando a nossa hora chega finalmente? Morrer em paz seria a melhor opção. Deixar os olhos fecharem mas não a esperança e a sensação de missão cumprida. Tu que a cumpriste meu avô, na tua vida simples e repleta de afectos. Tu que a viveste e que te estás a deparar com a mais assustadora experiência da tua ainda Vida. Tu que ao veres chegar a Morte decidiste deixar-te alienar por sonhos fantasiosos, sonhos onde trabalhas em minas e salvas companheiros que insistem em escorregar pelas escarpas escorregadias. Tu que amas as tuas meninas e que te assustas, por Amor, com a incerteza das suas vidas. Tu que zelarás, para Sempre, por elas. Por nós que te amamos também.

Não te julgo. Tento ficar no teu lugar e sentir o teu pulsar.A ti,a quem tenho um único pedido a fazer antes de ires: Deixa-te levar pelo vento sem teres medo de onde ele te vai levar. Vai sem sofrimento muito, por favor.. Vai com a certeza de que o Amor e a Memória te farão para sempre Eterno. Tenta fazer como eu que comecei este texto com uma visão pessimista e que ao correr das letras e ao desencadear das ideias libertei o meu coração revoltado e lhe permiti que passasse a acreditar na Eternidade da permanência de uma vida pela sua memória. Na tua eternidade.

O Tempo que deixa agora de ser Tempo para ti, será para nós o Tempo que te oferecemos dentro dos nossos corações. Infinito. Sabes?, é que mesmo partindo assim pelas mãos da inevitabilidade, nunca irás partir da alma de quem te ama.

Então até logo Zé, que Adeus nunca se diz... lembras-te?

Friday, September 01, 2006

Back from the dream land...

...the return of myself is close.
Just in a few moments... after the breack - aliás... break... sorry. :)!

Thursday, June 08, 2006

Foram tantos os textos dos outros que decoraste... que deixaste de ter palavras para mim...

Thursday, June 01, 2006

Ser feliz (Fernando Pessoa)


Arggg!!!.. Lá ia deitar-me com um peso na alma. A vida a correr tão depressa que não parecia poder apanhá-la, as decisões que se tornavam definitivas, o futuro que me pesava na vida. Uff!!..Fui ver os mails do dia e a minha mãe, que me conhece o estado de espírito, mesmo sem estar perto de mim, por intuição e amor; tinha-me enviado o texto que me deixa agora ir dormir mais descansada e com um sorriso de calmaria...

Ser feliz (Fernando Pessoa)

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-me um autor da minha própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.É saber falar de si mesmo.É ter coragem para ouvir um "não".É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
"


Sabes... ser feliz é também ter na vida alguém como tu, mãe. Les-me tão bem e apaziguas na perfeição os meus estados de espíritos ventosos. Mais que te gosto! Obrigada...